Setorização de São Januário

Bom amigos blogueiros, a torcida vascaína sempre foi acostumada com as facilidades de um único ingresso, graças a isso ficou surpresa e desconfiada com a notícia de que, durante o ano de 2009, a arquibancada de São Januário será dividida em diferentes setores.

Para muitos torcedores, a recente divisão do estádio ainda é motivo para dúvidas. Pensando nisso, o site Sociedade Vascaína fez uma breve análise sobre o tema. Fique com essa interessante análise abaixo:

O que é e como se dará a setorização

Setorizar nada mais é do que dividir o estádio em setores. Antes mesmo de tal medida, São Januário já era dividido entre setor social e arquibancada.

A novidade é que a arquibancada passará a ter uma subdivisão. Dessa forma, existirão 3 setores no estádio: Setor Verde (cadeiras sociais), Setor Azul (’ferradura’ da arquibancada) e Setor Vermelho (arquibancada paralela ao campo).

Cada setor terá um valor diferente, por conta dos benefícios e serviços oferecidos em cada um. Além disso, haverá entradas previamente definidas para cada setor, não sendo mais possível entrar por qualquer portão ou mesmo transitar entre os diversos setores da arquibancada.

Benefícios da divisão do estádio em setores

O objetivo principal de qualquer clube que implanta a setorização, é atender aos diferentes tipos de torcedores que frequentam o estádio. Por mais que o futebol seja um esporte popular, o esporte das massas, é preciso estar atento aos torcedores de maiores condições econômicas. Por incrível que pareça, a parcela da torcida que mais consome, que mais gasta dinheiro nos estádios, é também a mais ignorada pelos clubes (não somente o Vasco, mas a maioria dos clubes brasileiros).

A divisão em setores é uma das medidas que visam oferecer serviços, que se adequem aos diferentes tipos de torcedores. Desde o torcedor com maior poder aquisitivo, que pode pagar entre 25 e 80 reais nas cadeiras sociais, passando pelo torcedor de médio poder aquisitivo, que pode pagar entre 15 e 30 reais na arquibancada frontal, até o de menor poder aquisitivo, que pode pagar entre 10 e 20 reais por um ingresso na ferradura da arquibancada.

Para enxergar tal benefício com mais clareza, é preciso entender que partidas de futebol podem (e devem) ser encaradas como espetáculos, assim como shows e eventos musicais, onde você paga de acordo com os benefícios a mais que recebe (conforto, ângulo de visão, atendimento, nível dos frequentadores, entre outros). Ao oferecer serviços a diversos públicos, o clube procura tornar-se atrativo para outros torcedores, além do denominado ‘povão’.

A médio e longo prazo, essa aproximação de torcedores de outras classes sociais, aliada a outras medidas e precauções (analisadas mais abaixo), podem incrementar as arredações do clube.

Além do alcance a diversos públicos, a divisão proporciona o controle do clube sobre a lotação dos setores. Ao se esgotar os ingressos para determinado setor, não existe a possibilidade de que novos torcedores ocupem espaço no local, o que evita os comuns focos de aglomeração no estádio, em jogos de grande público.

Outro benefício que pode ser destacado é em relação ao fluxo de entrada e de saída de torcedores. Com a divisão, os torcedores só podem entrar no estádio através dos portões designados, que dão acesso ao setor ao qual o torcedor tem direito. Dessa forma, sempre existirá um número máximo de pessoas que deverá passar por um mesmo portão, evitando que alguns acessos fiquem congestionados e outros completamente livres.

Precauções a serem tomadas ao se implantar a divisão por setores

É importante ressaltar que, de forma isolada, a divisão não resolve todos os problemas do estádio. Dividir por setores não é apenas construir muretas, colocar grades e cobrar um preço diferenciado. Em um primeiro momento, é necessário trabalhar de forma intensa o costume do torcedor, oferecendo extrema organização e agilidade para a devida alocação dos mesmos dentro do estádio.

É necessário, principalmente, todo um planejamento em volta do projeto, que possa oferecer reais motivos para que os torcedores paguem mais caro por um determinado setor. Não apenas um bom angulo de visão, mas também conforto, comodidade, segurança, entre outras coisas essenciais. Além disso, é preciso acostumar os torcedores a se comportar dentro do que o projeto propõe, não deixando espaço para que algum torcedor se sinta lesado com o serviço (ou a falta dele).

Ou seja: Para cobrar um preço diferenciado, é preciso oferecer um serviço diferenciado.

Aplicação prática e aceitação da torcida

A divisão por setores é utilizada pelas maiores instituições esportivas do mundo, pertencentes às competições mais importantes. Podemos citar os grandes clubes europeus como Real Madrid, Barcelona, entre outros. A NFL (liga de futebol americano), a MLB (liga americana de baseball) e até mesmo a Fórmula 1 que mostra, ano após ano, que o público brasileiro pode se adequar à divisão por setores e também à cobrança diferenciada.

No Brasil, além da Fórmula 1, existem exemplos de sucesso como Grêmio, Internacional, São Paulo e Atlético Paranaense, que procuram explorar os desejos de diversos públicos, através da divisão dos mesmos. O sucesso desses clubes está no fato de entenderem justamente o que já foi exposto acima: Para cobrar um preço diferenciado, é preciso oferecer serviços diferenciados (e de qualidade).

Em contrapartida, o Maracanã já foi palco de uma tentativa fracassada de divisão por setores na arquibancada. Após a reforma para o Mundial de Clubes do ano 2000, tentou-se manter a estrutura de setores sem sucesso. A razão era evidente: Não havia qualquer serviço diferenciado para atrair o torcedor ao setor mais caro. A diferença entre os setores denominados verde, amarelo e branco eram apenas o ângulo de visão e a altura do encosto dos bancos.

Em São Januário, há um fator que torna complicada a implantação do sistema: O setor que tem a melhor visão, da arquibancada, é o setor que não tem cobertura. Portanto, por conta da estrutura do estádio, ou o torcedor assiste o jogo com o melhor ângulo de visão, ou com proteção contra chuva e sol. Na visão do clube, o diferencial foi a visão e não a cobertura.

Outro agravante, é o fato da grade divisória ficar localizada justamente onde se acomodava parte da maior torcida organizada do Vasco, a Força Jovem Vasco. Como a principal torcida do clube irá se comportar diante desse novo fato?

A julgar pela primeira experiência, no dia 24 de Janeiro, a aceitação da torcida não foi grande, ao contrário das dificuldades encontradas por conta da falta de adaptação.

Com esse revés estrutural, o clube terá que recompensar, de alguma forma, o torcedor que paga mais caro. E novamente a questão dos serviços diferenciados entra em cena. Mas, aparentemente, essa não será a única dor de cabeça do clube, na tentativa de implantar a setorização no estádio.

Por: Marcos Victor

Sociedade Vascaína

E você, torcedor e visitante do blog o Sentimento não Para, o que pensa a respeito dessa setorização?