18 março 2009

Dez foguetes molhados do Vasco

A confirmação é uma das fases mais difíceis da vida. Garantem os médicos que os três primeiros três meses de gestação são os mais complicados e, passado este período, a gravidez é tranquila. Da mesma forma, o desafio de qualquer nova banda não é estourar um hit, mas continuar fazendo sucesso depois do primeiro álbum. No futebol, então, a cobrança pela afirmação acontece diariamente, a cada treinamento e em todos os jogos.

Novos garotos surgem todos os dias no Brasil, o Eldorado na formação de pé-de-obra. É impossível, entretanto, que o futebol profissional absorva toda essa demanda, ano após ano. Afinal, mais jovens deixam a base do que veteranos se aposentam. Por causa disso, não só aqueles que não se destacam na base perdem espaço. Muitos prodígios, devido às mais diversas razões, acabam por não confirmar no profissional o que prometiam na base.

Conheça agora a
s dez maiores promessas vascaínas que não se concretizaram de 1995 pra cá.

Brener

Apelidado de “o novo Dener”, Brener surgiu como primeira resposta a ausência do ex-atacante, morto um ano antes em acidente de carro e fundamental à equipe vascaína. Veloz e habilidoso, chegou aos profissionais com 19 anos, com a credencial de marcar muitos gols, servir os companheiros e deixar os zagueiros sentados no chão.

Sua melhor temporada foi em 1996, quando teve várias boas atuações e marcou nove gols em 41 jogos. Contudo, os problemas pessoais, especialmente o apreço pela noite, fizeram com que seu rendimento caísse. Veio uma lesão no púbis e, após a volta, nunca mais foi o mesmo. Reserva em 97, foi negociado em 98 e passou a perambular por inúmeros clubes como Guarani, Avaí, Treze-PB e União Barbarense (campeão da Série C em 2004). Atualmente, defende o River, do Piauí.

Nome completo: Brener Antunes das Chagas
Data de nascimento: 21/11/1975
Posição: atacante
Ano em que surgiu: 1995
Por que não vingou? Vida noturna agitada e uma lesão no púbis o impediram de render o esperado

Maricá

“Volta, Maricá”. Este foi talvez o grito que Antônio Lopes, famoso por berrar a partida inteira e não perder a voz, mais proferiu durante a conquista do Campeonato Brasileiro de 1997. Levado ao time de cima com 17 anos, Maricá foi titular no início, mas uma lesão e a inconstância fizeram-no perder a vaga para Válber. Mesmo na reserva, protagonizou o momento mais importante: foi dele o passe para o 29º gol de Edmundo na competição, no famoso 4 a 1 sobre o Flamengo. Marcou, inclusive, o quarto gol naquele dia.

Veloz e muito ofensivo, pecava nos cruzamentos e nos passes, irritando a torcida e não conseguindo engatar uma sequência a equipe. No ano do centenário, acabou sendo preterido por Vitor e permaneceu na reserva a temporada toda. E foi assim novamente nas campanhas vitoriosas da Mercosul e Copa João Havelange. Em 2001, foi negociado com o AEK, da Grécia e passou ainda por Internacional e Bahia. Atualmente, disputa o Carioca pelo Mesquita.

Nome completo: Sérgio Silva de Souza
Data de nascimento: 24/09/1979
Posição: lateral-direito
Ano em que surgiu: 1997
Por que não vingou? Chegou ao profissional numa época de vacas gordas, virando eterno reserva

Luiz Cláudio

Jogadores com a pecha de “amuleto”, “curinga” ou “artilheiro do segundo tempo” normalmente tentam se livrar de tal alcunha. Não foi diferente com Luiz Cláudio, centro-avante de 1,92m que buscava um lugar ao sol num ataque que tinha Edmundo e Evair. Apesar da forte concorrência, marcou quatro gols em 13 partidas na temporada de estréia.

Seu melhor ano foi em 98, quando conseguiu seis tentos em 20 jogos – com Luizão e Donizete na linha de frente, ainda era difícil achar espaço. Como sempre ficava na reserva, o apelido não tardou a surgir, já que só marcava na etapa complementar. No ano seguinte, virou titular e não correspondeu, sendo emprestado ao Bahia e posteriormente ao Palmeiras. Vendido ao Internacional, passou rapidamente pelo futebol português e, após perambular pelo interior, defende o Al-Ansar, do Líbano.

Nome completo: Luiz Cláudio Soares de Barros
Data de nascimento: 19/05/1978
Posição: Atacante
Ano em que surgiu: 1997
Por que não vingou? Enquanto era reserva, entrava e fazia gols. Quando virou titular, perdeu o encanto – e a confiança do treinador

Ely Thadeu

Ely Thadeu é o exemplo clássico dos jogadores vindos da base do Vasco nos anos 2000: com passagens pelas seleções sub-17 e sub-20, perdeu-se em algum momento da transição para o profissional. Rápido e habilidoso, atuava praticamente como um ponta. Após surgir no Estadual de 2001, quando foi vice-campeão, chegou a fazer dupla com Romário no Brasileirão daquele ano.

Permaneceu no clube até 2003, sendo campeão carioca, mas a maior parte do tempo na reserva. Após a péssima campanha no Brasileirão daquele ano, foi dispensado por Geninho e emprestado ao Olaria, começando sua peregrinação. Foi campeão potiguar pelo Baraúnas e teve passagens por Sérvia e Portugal. Chegou ao Ipatinga para o Brasileirão 2008, mas só jogou na primeira rodada e teve seu contrato rescindido por falta de produtividade.

Nome completo: Ely Thadeu Bravim Rangel
Data de nascimento: 12/08/1982
Posição: atacante
Ano em que surgiu: 2001
Por que não vingou? Criticado pela torcida por não correr em campo, perdia um caminhão de gols por jogo

Anderson


Não dá para falar dos foguetes molhados vascaínos sem lembrar da geração 84, um time que ganhou tudo na base, mas acabou não vingando no profissional. Anderson era o centro-avante e goleador daquela equipe, tanto que subiu um ano antes da maioria dos companheiros, ao lado de Léo Macaé e Morais. Em 2003, foi o artilheiro do time semifinalista da Copa São Paulo.

Com 1,88m, era eficaz no jogo aéreo e tinha bom porte físico, mas pecava nas finalizações com os pés e na movimentação. Foi titular durante o Brasileirão de 2004, sendo vice-artilheiro da equipe com nove gols. Em 2005, perdeu espaço com a dupla formada por Alex Dias e Romário e acabou emprestado ao Córdoba, da Espanha, dando início à sua peregrinação por clubes pequenos da Europa. Retornou ao Brasil no ano passado, mas chegou a abandonar o Bahia alegando problemas familiares. Atualmente no Duque de Caxias, enfrenta problemas com a balança desde a sua volta.

Nome completo: Anderson Costa
Data de nascimento: 13/03/1984
Posição: atacante
Ano em que surgiu: 2002
Por que não vingou? Perdeu espaço em 2005, foi para a Europa e não agradou, retornando sem holofotes e com quilos a mais

Claudemir

Claudemir talvez seja uma das promessas mais lembradas pelo torcedor nos últimos anos, muito em parte pela relação de amor e ódio existente com o jogador. Destaque na base por sua velocidade, foi o principal nome da campanha na Copa São Paulo de 2003, ainda que tenha sido lançado no estadual do ano anterior, disputado com um time misto por causa da Liga Rio-São Paulo.

Fez parte do elenco campeão estadual e permaneceu o ano todo na reserva de Russo, até ganhar a titularidade em 2004. Com Geninho, passou a adotar funções mais defensivas à medida que os resultados não eram satisfatórios. As fragilidades na marcação eram evidentes e logo passou a ser perseguido pela torcida, graças também à campanha que quase culminou com o rebaixamento. Após mais dois anos na reserva, foi emprestado ao Madureira, passou por Marília e Paraná e está de volta ao Tricolor Suburbano.

Nome completo: Claudemir Ferreira da Silva
Data de nascimento: 17/08/1984
Posição: lateral-direito
Ano em que surgiu: 2002
Por que não vingou? Passou de ótimo apoiador na base para medíocre marcador nos profissionais

Coutinho

Se Ygor era o limpa-trilho da geração 84, Coutinho era o volante da saída de jogo. Ou deveria ser, porque na prática sua qualidade no toque de bola só aparecia devido às fraquezas do companheiro. Devido a essa indefinição quanto sua característica principal, o próprio jogador parecia sempre perdido em campo, ora inutilizando ataques vascaínos, ora correndo atrás dos meias adversários.

Ainda assim, surgiu com ótimas credenciais e foi titular em boa parte de 2005, a ponto de arranjar um empréstimo ao Estrela Amadora de Portugal, onde não deixou muitas saudades. De volta ao Vasco, foi reserva durante todo o ano de 2006 até partir para o Ipatinga no início do ano seguinte. Após passagens curtas e apagadas por Botafogo e Criciúma, disputa o Cearense pelo Fortaleza.

Nome completo: Rafael Coutinho Barcellos dos Santos
Data de nascimento: 07/03/1984
Posição: volante
Ano em que surgiu: 2003
Por que não vingou? Péssimas atuações e perseguição da torcida se transformaram em um círculo vicioso

Alberoni

Hoje já é comum uma promessa da base ser negociada com grandes clubes europeus antes mesmo de estrear pelo profissional, mas há apenas cinco anos não se tinham tantas notícias deste tipo. Alberoni deixou o Vasco ainda nas categorias de base, após conquistar o Sul-Americano Sub-17 de 2001 e participar do Mundial da categoria. Volante então de muita qualidade na saída de bola e chute potente, foi levado pela Inter de Milão aos 18 anos, por 400 mil dólares.

Descontente com sua utilização apenas no segundo time, foi emprestado ao Brescia e depois ao Barcelona B. Voltou ao Brasil, mas quase não jogou pelo Bahia. Passou pelo Independiente da Argentina, Paraná, Avaí e União Leiria, tudo isso com 22 anos. Repatriado pelo Vasco em 2006, teve poucas chances com Renato Gaúcho e voltou a rodar. No Duque de Caxias (seu 15º time), reedita parceria dos tempos da base com o atacante Anderson.

Nome completo: Francisco Terra Alberoni
Data de nascimento: 16/05/1984
Posição: volante
Ano em que surgiu: 2003
Por que não vingou? Negociado com a Inter de Milão como grande promessa, nunca explodiu e passou a pingar de clube em clube

Thiago Maciel


Um dos caçulas daquela geração vitoriosa, Thiago Maciel era também considerado a principal promessa de sua faixa etária no Vasco. Irmão mais novo do volante Ygor, hoje na Portuguesa, chegou a atuar no meio-campo e até como segundo atacante na época da base, tamanha era sua verticalidade e qualidade no apoio.

Quando subiu, entretanto, começou a ser constantemente criticado por sua exagerada ofensividade, deixando a defesa frequentemente exposta. Com isso, passou a perder lugar para Claudemir, mais burocrático, porém melhor defensivamente. Finalmente, acabou encostado por Dário Lourenço e foi emprestado para o Alania Vladikavkaz, da Rússia, sendo rebaixado junto com o clube. Ao voltar, teve atuações muito abaixo da média até que saiu pela porta dos fundos em 2007, esquecido graças à grande fase de Wagner Diniz.

Nome completo: Thiago Maciel Santiago
Data de nascimento: 03/05/1985
Posição: lateral-direito
Ano em que surgiu: 2004
Por que não vingou? Foi para a Rússia na melhor fase da carreira. Não se adaptou e, quando voltou, pareceu ter esquecido seu futebol por lá

Diego

Não é só pela pressão que nenhum jogador gosta de ser chamado de “o novo fulano de tal”. É também porque dá um azar danado – basta ver quantos “novos” realmente deram certo. Diego era o lateral-esquerdo daquele time que ganhou tudo nas bases, e surgiu como o sucessor de Felipe, de quem os torcedores ainda sentiam muita falta.

Habilidade até que não lhe faltava, além de ter um bom chute de longa distância e ter sido sempre um jogador de muita garra. O problema é que Diego não era tão habilidoso assim, e na tentativa de agradar, acabava exagerando e tentando um drible a mais. Acabou sendo quem mais durou no clube ao lado de Morais, mas em 2007 deixou São Januário em baixa com Renato Gaúcho e vaiado pela torcida após desperdiçar uma cobrança na decisão por pênaltis na semifinal da Taça Guanabara.

Nome completo: Diego Pereira Corrêa
Data de nascimento: 18/09/1983
Posição: lateral-esquerdo
Ano em que surgiu: 2004
Por que não vingou? Surgir como o novo Felipe já não é grande coisa - e ele sequer tinha a mesma habilidade

Fonte: Olheiros.net

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