Nem Vasco, nem mundo árabe. Num almoço de despedida, o presidente do Lyon, Jean-Michel Aulas, abriu para Juninho Pernambucano uma nova porta. Aceitou a rescisão do contrato que teria mais um ano de validade, e, para surpresa do jogador, não criou restrições à sua permanência no futebol europeu, desde que a França não seja o país escolhido. Abalado com o episódio de selvageria que desestabilizou o Fluminense e repercutiu na França, Juninho, 34 anos, revelou, em entrevista ao ‘Jogo de Cintura’, qual será o seu caminho: ficará mais um ano na Europa.
Qual será o seu futuro?
— Minha intenção é jogar pelo menos um ano fora do Brasil. Acho que não é o momento de voltar. Não estou falando como cidadão brasileiro, mas como profissional. Eu me sinto ainda bem para jogar aqui. E não sei se estou preparado para voltar a jogar no Brasil.
Seu destino, então, não será o mundo árabe nem o Vasco?
— O presidente (Jean-Michel Aulas) foi muito claro ao dizer que jogo onde eu quiser. Mas disse: ‘pelo amor de Deus, vê se não vai jogar na França...’ Estou à vontade para jogar mais um ano aqui na Europa.
Em que país?
— O futebol europeu é todo muito parecido. O estilo de jogo é praticamente o mesmo em toda a Europa. Cada país tem três ou quatro times fortes , sempre nas cabeças..
Alguma proposta?
— Estão mantendo contato com meu empresário, mas não posso citar quais são os clubes.
O Vasco saiu dos planos?
— Adoro o futebol brasileiro, mas quando vejo o que aconteceu no Fluminense ontem (terça-feira), desanimo. Como vai ser isso? Vou dar o melhor de mim, mas não vou vencer sempre. A França inteira está falando sobre aquilo. Estive hoje (ontem) de manhã num churrasco de confraternização do Lyon, e vários jogadores vieram comentar comigo.
Repercutiu muito aí?
— Isso chama a atenção pra caramba. O torcedor tem o direito de cobrar, de vaiar e pegar no pé. Mas isso já está passando do limite. Daqui a pouco, vai acontecer algo mais grave. O campeonato ainda está na terceira rodada!!!
Um episódio como aquele faz você repensar sua volta?
— Não há como mentir, dizer que não ligo. Foi muito grave o que aconteceu. Não é normal. Foi assustador. Por pior que seja o jogador, ele não merece aquilo. E não admito que um clube grande deixe a situação chegar àquele nível. Fazem vista grossa e facilitam a entrada. Escuto opiniões. E as pessoas que gostam de mim pedem que eu pense três vezes antes de decidir voltar.
Então, desistiu?
— Não... Tem o outro lado... Vi o jogo Vasco x Vitória e foi lindo ver a torcida mostrando o amor pelo clube. Mas, no esquema dessa correria que é o futebol brasileiro, com tanta viagem e concentração, não vou voltar. No futebol brasileiro, a cobrança é maior. Se o time empata três vezes seguidas, os jogadores ficam oito dias trancados num hotel, obrigados a treinar pra caramba. Mas também não seria por isso que deixaria de voltar, né?
É verdade que o Raí fez a você uma proposta do São Paulo?
— Encontrei com o Raí em Lyon e perguntei-lhe com que idade voltou para o Brasil. Depois, ele me ligou falando sobre o São Paulo. Respondi que teria de resolver minha vida no Lyon antes de ouvir qualquer proposta.
Você, então, jogaria no Brasil em outro clube que não fosse o Vasco?
— Tenho respeito por todos os clubes que têm consideração por mim. Minha preferência, no Brasil, seria o Vasco. Mas não quero criar leilão ou ilusão em ninguém. Minha intenção é ficar aqui um ano.
Quando deixará a França?
— Minha rescisão vai valer a partir de 30 de junho. Até segunda-feira, assino isso, tiro alguns dias de férias, vou a Recife e devo dar uma passadinha no Rio.
Vai se encontrar com alguém do Vasco?
(Pausa) Não me aperta tanto, por favor. Não faz isso!!! A torcida do Vasco talvez pense que os dirigentes não estão fazendo nenhum esforço, mas estão. Conversei duas vezes com o Rodrigo Caetano (diretor executivo), mas não quis ouvir nenhuma proposta. Ele disse que faria tudo para eu voltar. Só vou voltar um dia se estiver em condição de ajudar. Tenho vontade, mas vontade não é tudo. É a razão que tem que decidir.
E a conversa com o Lyon?
— O presidente me ofereceu um contrato de cinco anos para eu começar uma nova carreira quando quiser, depois que parar de jogar. Fui pego de surpresa. Foi bacana.
Já pensou em ser treinador do Lyon no futuro?
— Passa pela minha cabeça ser treinador, mas preciso me preparar bem para conseguir. Esse já é um plano de carreira. Só não sei se eu teria essa coragem de começar pelo Lyon. Prefiro estagiar, passar um tempo aprendendo, nem que escolha o Brasil para começar essa nova carreira.
Minha Avaliação
A torcida quer a volta do Juninho e no fundo no fundo ele também tem vontade de voltar ao Vascão. Se ele não vier não é porque ele não quer jogar no Vasco, ou porque não gosta do clube, é porque ele não sente preparado para voltar ao Brasil... não se sente pronto para enfrentar viagens e a pressão da torcida.
Pela entrevista dá para perceber o quanto ele está confuso, o quanto está pensando seriamente se deve voltar ao Brasil ou continuar na Europa. Embora ele afirme que quer permanecer mais um ano na Europa, a resposta que ele deu quando a Marluce perguntou se ele vai se reunir com alguém do Vasco quando der uma passada no Rio, mostra o quanto ele tem vontade de voltar.
Assim como Juninho afirmou na entrevista, eu já tinha declarado aqui no blog que seria muito difícil contratá-lo, muito mesmo. Não é questão de amor ou ódio, é questão de razão. Esqueçamos nomes de times e vamos pensar apenas no momento; será que você jogando na França a mais de 8 anos e acostumado com tudo lá voltaria para o Brasil para viver cenas como aquela nas Laranjeiras?! Eu acho que não!
Por isso, eu entendo o lado do Juninho e sei que no momento certo ele voltará, pode ser agora ou depois, o que importa é que no momento certo ele voltará!
Abraços e Saudações Vascaínas
Carlos Junior
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