Quando se fizer uma pesquisa sobre os clubes de futebol do Rio de Janeiro, é melhor separá-la em duas partes: uma exclusiva para o Club de Regatas Vasco da Gama e outra para os restantes.
A começar pelo nome. Os outros nasceram de vocações bairristas, por isso nomes com referências que não ultrapassam o estado onde surgiram. O Vasco não. O Vasco tem nome e sobrenome. Da difícil escolha a ser feita, durante a fundação do Club, de um nome que representasse uma colônia, mas ao mesmo tempo não segregasse pessoas que não pertencessem à ela, surgiu a solução inusitada de um nome próprio. Nome de um herói, cuja existência foi real mas sua história o fez mito, que a herança portuguesa deixou nessas terras em meio a tantos outros. Vasco da Gama. O irônico é que, mesmo com sobrenome, a torcida cruzmaltina é a única que não precisa recorrer a apelidos, amputando sílabas aleatoriamente para formar monossílabos e dissílabos que caibam em seus gritos. O nome Vasco pode ser cantado sem maiores dificuldades, e possui um “a” de pronúncia aberta, sempre abafando os nomes com as outras vogais na batalha dos gritos nos estádios. Váááááááááásco!
Os outros clubes são identificados por suas cores. Infelizmente para eles há centenas de outros clubes espalhados pelo mundo com as mesmas cores – por isso esses adjetivos nunca são suficientes. O Vasco não. O Vasco traz na adjetivação de tudo que se relaciona e ele o seu símbolo, resultando numa qualidade que não deixa dúvidas quando proferida: Cruzmaltino. Em meio a tantos alvinegros, rubro-negros, tricolores e multicolores que surgiram, há um Clube com um símbolo tão forte que sobrepujou suas cores, e é através dele que se dá sua identidade.
Os outros clubes surgiram com vergonha de suas origens. Foram fundados pela elite fascista, que tinha vergonha de ser brasileira de origem portuguesa, desejando ser inglesa ou alemã. Se pudessem erradicariam da cidade aqueles milhares de escravos libertos e seus descendentes. O Vasco não. O Vasco traz o orgulho de suas origens: lusitana no nome, suburbana em sua localização e negra em sua história. Ao contrário do que se diz, não foi somente o primeiro clube a acolher jogadores negros, e sim um dos primeiros lugares onde todos os brasileiros tiveram voz de forma igual. Chegando ao ponto de eleger, ainda no início do século, um presidente negro. É inegável que a idéia de um Brasil igualitário, que todos sonhamos a ainda buscamos construir, teve sua origem no Club de Regatas Vasco da Gama.
Os outros clubes sempre tiveram toda a benevolência do Estado, em todos os seus níveis, para alcançarem seus objetivos. Através de relações promíscuas com o poder e com a imprensa, conseguiram terrenos, financiamentos, e diversos outros favores para aumentar seus patrimônios e torcidas. O Vasco não. O Vasco sempre teve tudo contra si: Estado, imprensa e federações. Sedes foram demolidas, campanhas difamatórias foram feitas e nenhum passo foi facilitado, mesmo quando o resultado seria benéfico para toda cidade. O maior exemplo: a construção de São Januário. Nenhum clube tem uma relação tão forte com seu estádio. Contrariando a lógica que foi aplicada aos outros clubes, nenhum centavo de dinheiro público foi investido na construção da casa cruzmaltina. A exigência, por parte dos clubes elitistas, de se ter um estádio próprio para poder competir, fez nascer um dos exemplos mais lindos que se tem notícia de mobilização popular. A enorme quantidade de mãos que participaram daquela obra, de maneiras diversas, tem reflexos 80 anos depois, quando jovens demonstram amor por cada tijolo que compõe o Gigante da Colina.
Por tudo isso o Club de regatas Vasco da Gama é diferente: por ser um sobrevivente que resistiu ao centenário graças exclusivamente aos cruzmaltinos. Títulos podem surgir aos montes, em uma década de sucesso um clube pode ser incluído entre os mais vencedores de todos os tempos. Mas história, origem e trajetória não podem ser conquistadas ou compradas. E é por isso que qualquer outra instituição esportiva, mesmo com dezenas de campeonatos mundiais conquistados, quando se deparar com o Club de Regatas Vasco da Gama deve ter a consciência de estar contemplando o maior Club do Brasil.
Em resposta a sua pergunta no Sem Fronteiras - desde 07 de junho de 2008.
ResponderExcluirE, esteja certo, este blog também tem muitas qualidades.
Abraço.
Futebol, música e religião não se discutem!
ResponderExcluirSó gostava do Romário no Vasco
O hino do vas co é bonito, assim como todos os hinos dos clubes do rio são bonitos
O restante nada me agrada
Falou tudo o xapa ae de cima.
ResponderExcluirnaão se descuti futebol musica e religiaão...
Euu como boom torcedor do meu time.
só tenho a aplaudir e sempre apoia-lo
visitá lá
www.doispetelecos.blogspot.com
hum...
ResponderExcluiracredito que cada um tem a sua opinião, e discuti-las não seria interessante