28 outubro 2010

Prometeu acorrentado

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O ano é 2006. O jogo, Vasco e São Caetano. O lugar, São Januário. Placar final: 2 a 1 para os visitantes. O Gigante da Colina é derrotado em casa para o clube que futuramente seria o vice lanterna do campeonato e perde a vaga na Libertadores, para o Paraná, por dois pontos. Na entrevista coletiva após o fatídico confronto, o distribuidor de coletes Renato Gaúcho justificou a derrota: “falta de atenção”. Esse foi somente um exemplo. Quando éramos “treinados” pelo Renato, parecia que o futebol só tinha um fundamento: “atenção”.

Pois bem. Quatro anos, o tempo passou e o futebol evoluiu. Hoje o “fundamento” essencial é a “maturidade”. Quando o time cede o resultado, “faltou maturidade”. Quando ganha, “atingimos a maturidade”. Alguém disse para o atual distribuidor de coletes que o Vasco tinha a menor média de idade do campeonato. Pronto! Achou-se uma justificativa para os resultados adversos. O time começa jogando bem, encurrala o adversário, produz jogadas e, infelizmente (!!!), abre o marcador. A partir desse momento, acabou o futebol do Vasco. Simplesmente, abdicamos de jogar e passamos a nos defender desesperadamente e covardemente como se fossemos o Bonsucesso numa final de campeonato contra o (...) Vasco da Gama!

O time de São Januário perde a saída de bola, para de se movimentar, erra passes em demasia e abusa dos chutões. Chama o adversário que, antes encurralado, começa a gostar do jogo e a pressionar. Junte-se a isso, o fato do time cansar mais do que o normal. Concluído. Temos, enfim, o Vasco desse campeonato. O time que cede um caminhão de empates no final dos jogos. E todo esse cenário é genericamente chamado de “falta de maturidade”. Um conceito subjetivo, impreciso e que, por essas características, serve para expurgar a culpa e turvar quaisquer soluções.

O nosso time fez isso o campeonato todo. Tanto nos jogos que ganhou quanto nos cedeu o empate. Contra o Grêmio Prudente, por exemplo, fizemos de tudo para desperdiçar aquele resultado, mas o adversário perdeu gol até debaixo da trave. Contra o Corinthians, na entrevista coletiva, o PC comemorou a “maturidade” da equipe. Disse algo do tipo “A equipe mostrou maturidade. Não cedemos o empate. Eu conversei com eles no intervalo que estávamos ganhando e tínhamos que voltar para o segundo tempo e não tomar gols”. Ou seja, a ordem de somente se defender parte do próprio “treinador”! A covardia, a pequenez, o nervosismo e a falta de confiança são um reflexo, no Vasco atual, do comandante. Um time que tem Felipe, Zé Roberto, Eder Luis, Fernando Prass, Carlos Alberto, entre outros, não é maduro? Não é experiente? Não somos uma seleção, mas qual time é?

Se alguém não tem “maturidade”, pelo menos para comandar um clube do tamanho do nosso, é o PC. O Vasco, perdeu, recentemente, alguns campeonatos nos últimos minutos. Um que me marcou bastante foi o Carioca de 1999. Me lembro bem do Paulo Miranda indo bater uma falta rápida para puxar o contra ataque e o Nasa o impediu para retardar a partida. Resultado: gol de Rodrigo Mendes (inacreditável) aos trinta e tantos do segundo tempo, com desvio no Nasa, e taça para o “Império do Mal”. Aquele time era maduro? Certamente, mas não decidiu o jogo quando tinha que decidir, não quis jogar futebol. Assim como o Vasco de hoje.

Os distribuidores de coletes possuem o irritante hábito de arrumar muletas, apelar para conceitos subjetivos ou mesmo culpar a arbitragem. Treinador é uma instituição narcisista, incapaz de enxergar limitações e erros próprios. O Vasco que está aí não será campeão de nada. E não será campeão porque não joga como campeão, não decide como campeão. Parece que tem medo de estar ganhando, que não acredita quando sai na frente. Quando vence, parece que moveu uma montanha. Na verdade, vencer é um fato corriqueiro na história de qualquer grande clube de futebol e eu me recuso a acreditar que alguns anos de mediocridade mudaram isso no Vasco.

Existe um espírito de perdedor encravado na Cruz de Malta como uma sombra, obscura e indissociável. Isso precisa ser limado de São Januário, sob pena de produzirmos Rodrigos Mendes jogo após jogo, campeonato após campeonato. Sob pena de nos acostumarmos com a mediocridade. Sob pena de ficarmos pequenos, incapazes de acreditar em grandes feitos. Relegados eternamente ao papel de coadjuvante. Precisamos de vencedores no comando. Pessoas acostumadas aos triunfos. Pessoas que não tenham medo ou fiquem apenas preocupadas com a derrota. E precisamos já!

Dêem ao Vasco o que é do Vasco!

Saudações Vascaínas

Reinaldo Bedim

Um comentário:

  1. Ao ler essa coluna me vem a cabeça a quantidade de jogos e títulos que perdemos em função de jogarmos como time pequeno, de não jogarmos como VASCO ...

    Mesmo com um time em formação, mesmo com o mau início de campeonato, mesmo com as lesões, mesmo perdendo 2 jogos para o Guarani PODERIAMOS estar brigando pelo título (Avaí, Atlético Mineiro, Grêmio, Botafogo ...)!!!

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