13 novembro 2010

Minha Torcida Particular

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Sofri muito, como todos os vascaínos de coração, quando presenciei (eu estava lá, em São Januário) aquela fatídica partida contra o Vitória-BA em 2008 quando se consumou a queda de meu time para a segunda divisão do brasileiro;

Depois, passei a sofrer dia a dia com cada notícia sobre a reestruturação da equipe; Quem, afinal, aceitaria jogar num clube que iria disputar a segunda divisão, mesmo se tratando de um ícone do esporte mundial?

Mas vibrei, primeiramente, com aquela que considerei a primeira grande contratação para o elenco de futebol: Dorival Júnior. Antecipava-me em atribuir-lhe importância superior a qualquer outra contratação que o Vasco pudesse fazer depois; não importava quem viesse para o elenco; independentemente disso, já elegera determinantemente Dorival como a melhor de todas as contratações. E o tempo provou isso.

Vibrei também, logo depois, com aquela que considerei a segunda grande contratação: a do diretor de futebol — Rodrigo Caetano — com a missão de profissionalizar o departamento de futebol. Com sua contratação vislumbrei, é verdade que um pouco distante, um promissor horizonte fruto de um trabalho organizado por alguém que já apresentara ao mundo esportivo as suas qualidades. Afinal, Rodrigo Caetano havia sido um dos líderes da reorganização do Grêmio a partir de uma experiência semelhante de rebaixamento e em menos de três anos, além de retornar à elite do futebol nacional, conquistou, com méritos, um bicampeonato gaúcho (2006-07) e uma das vagas de finalista da Libertadores.

Dorival mostrou habilidade para selecionar, dentro de uma limitação ostensivamente forçada no orçamento. Seu conhecimento de atletas em atividade — Dorival acompanha todos os jogos que consegue onde quer que eles aconteçam, seja na primeira, seja na segunda ou seja na terceira divisão — foi de extrema valia quando se tratou de buscar alternativas cada vez que algum atleta negava vir jogar no Vasco. Tão logo foi apresentado à imprensa como o novo treinador do Vasco, não perdeu a oportunidade e já apresentou sua lista inicial com uns trinta nomes para a diretoria iniciar os trabalhos de montagem do elenco.

Muitos jogadores não aceitaram; literalmente disseram “não, obrigado” e foram assumir compromissos com outros clubes. Estes, lógico, pertencentes ao grupo da primeira divisão. Dorival chegou a confessar, em um programa esportivo de TV fechada, que encontrou um clube com somente sete (!!!) profissionais e a partir deles teve de sondar muitos para poder compor um grupo mínimo necessário. E antes que terminasse aquele trágico ano, conheci, por fotos e imagens, o “meu time”. Uma verdadeira legião de estranhos, desconhecidos. Mas só no clássico contra o Fluminense, que terminou empatado em 0 x 0 é que vi no campo o resultado prático dessa empreitada. Naquele dia, saí do Maraca convicto de que estávamos num caminho de retomada, de ressurgimento. E com apenas aquele jogo já percebera valores dentro daquele grupo. Pois vejam: conheci um Ramon que parte pra cima, um Nilton guerreiro, um Jéferson que acionava a linha de frente com jogadas verticais além do ressurgimento para o futebol do CA19.

O ano de 2009 passou, o Vasco roeu o osso e voltou honrosa e brilhantemente para a elite. Chegou então a hora de morder o filé, e esquecer o osso. O clube buscou reestruturar o elenco para disputar a primeira divisão e num tempo recorde, graças à (novamente) habilidade, organização e planejamento de Rodrigo Caetano que conseguiu contratar dez reforços em apenas duas semanas (tenho certeza que muitos já estavam alinhavados dentro de seu planejamento, bem antes das contratações), inclusive travando disputas com outros clubes numa verdadeira guerra ao estilo “Sansão e Golias”, afinal o Vasco (Sansão) perdia sempre para os demais (Golias) no quesito “Capacidade Financeira”.

O ano (2010) começou, mas infelizmente os resultados não surgiram como o planejado. Roberto Dinamite ratificou o que a história secular do futebol já provou: futebol é resultado. Se não ganhamos, de nada adianta afirmar que estamos seguindo um planejamento. Se não há resultados, fatalmente haverá questionamentos acerca do que foi planejado. Algo tem de ser mudado. Na verdade, com os jogadores contratados há de se reconhecer que houve uma melhora no nível técnico da equipe. Mas, ao contrário do que Dorival teve a felicidade de vivenciar quando desde o início do ano declarava aos torcedores do Vasco que tivessem paciência, pois aquele time ia dar “liga”, percebemos que o time reestruturado — agora sem Dorival — não havia dado “liga”. Sim, foi isso que ocorreu no início desse ano. Nosso Vasco não deu liga. E isso atingiu o clímax, depois de algumas turbulentas experiências com treinadores, culminando na última rodada antes da Copa quando assumimos a penúltima posição da tabela.

Bendita Copa! Permitiu-nos um tempo para contratações que pudessem dar uma arrumada na casa, varrer lixos, polir algumas superfícies e arriscar outros vôos. Nesse meio tempo, foi preciso ainda superar a surpresa de um treinador que “vazou” e mostrar rapidez em substituí-lo, e bem; realizar uma temporada de preparação do elenco como se pré-temporada fosse. E o resultado começou a aparecer, a despeito de não ter atingido a luta pelo título, com o que qualquer torcedor sonha. Mas já saímos da penúltima posição para o meio da tabela. E se reconhecermos que os “detalhes” frutos da desatenção nos custaram pelo menos uns dez pontos, somando estes à reação e teríamos “saído da penúltima posição para o G4”. Que arrancada seria, não?

Mas e quanto à reestruturação durante a Copa? Houve resquícios? Sim. Acabou sobrando para alguns jogadores. Vários foram emprestados e passaram a dar sequência a sua luta pessoal para conquistar uma posição no cenário brasileiro e, quem sabe, conquistar uma oportunidade no exterior que pudesse representar uma independência financeira. Assim, acabaram em outros clubes do Brasil.

Mas, alguns, em especial, conquistaram minha admiração por tomarem parte daquele grupo que deu “liga” e roeu o osso da segundona para nos trazer de volta ao lugar de orgulho. Isso tudo fez com que eu passasse a viver uma torcida paralela ao meu time. Uma torcida especial, particular, torcendo por alguns desses jogadores emprestados.

Assim, a cada rodada, alegrava-me por ver que o Dorival conseguira uma vitória no Atlético-MG; que o Jéferson jogara e dava parcela importante na luta do Avaí para sair do rebaixamento; que mesmo numa pindaíba danada, perto do rebaixamento para a Terceira Divisão, o Chulapa ainda marcara uns golzinhos lá no Brasiliense; que o Elton, apesar de envolver-se em problemas extra-campo, estava se saindo bem em outro clube, em Portugal; Pelo Mateus, revelado pelo Dorival, e que no futuro espero que consolide a esperança de um dia ter sido uma promessa. Torço ainda pelo Pimpão, para que recupere o seu diferencial com o qual conquistou rapidamente a apreciação do Dorival. E, recentemente, abri um sorriso de alegria ao ver que os Deuses do futebol reservaram a feliz coincidência de o Coritiba-PR ter confirmado o seu retorno à série A na partida contra o Duque de Caxias...Em São Januário...Com um gol aos 2 minutos de partida de Léo Gago (cobrando uma falta quase do meio de campo) e outro do Enrico — Léo Gago, é verdade, não disputou a segundona, mas acredito que durante este ano, quando foi contratado, tenha conquistado boa parte da torcida vascaína com suas características, principalmente o potencial do seu chute.

Todos eles, de alguma forma, guardam um lugar nas minhas memórias habitadas em meu coração vascaíno. Agradeço a todos eles e como forma de reconhecimento, ou agradecimento eterno, eu faço pra eles minha torcida particular. Afinal, em tudo há relação de amor com o meu Vascão.

“Todo vascaíno tem amor infinito”

J. K. Dimas

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