24 julho 2011

Direto do túnel do tempo


O jogo desse domingo traz à tona muitas alegrias, como por exemplo, quando o Vasco ganhou do Atlético Mineiro por 4 a 0 pelo Brasileiro de 2000, mas também uma grande tristeza, quando em 2008 após mais uma derrota , desta vez por apenas 4 a 0 dentro do Mineirão, percebi que não tínhamos saída, naquele momento faltavam apenas três rodadas depois dessa e o nosso destino parecia traçado.

Mas nesse texto prefiro falar sobre um jogo que pode ser considerado inesquecível, afinal se não tivéssemos derrotado o Clube Atlético Mineiro no dia 17 de outubro de 2000, uma terça feira, não seriamos Campeões da Copa Mercosul de 2000. Era a última rodada da 1ª fase do Campeonato, nossa campanha não era das melhores. O Vasco se viu obrigado a ganhar do time mineiro e tinha que torcer para o Penarol vencer o San Lorenzo da Argentina o que acabou acontecendo. Além disso, teria que acontecer um resultado favorável entre esses três possíveis: (1) Nacional em casa empatar ou perder do Boca Juniors; (2) O Cruzeiro em casa ganhar do Palmeiras ou (3) o Flamengo empatar ou perder para o Vélez da Argentina. Acabou acontecendo o 1ª resultado, sendo assim seguimos na Copa Mercosul depois de uma certa dose angústia.

O Vasco jogou bem, o time tinha qualidade, mas estava extremamente pressionado. O Vasco tinha que ganhar de qualquer forma por um motivo: No ano de 2000 o Vasco não era um time, mas sim uma seleção. A seleção era comandada pela dupla de Juninhos, o Paulista, que foi extremamente importante nos títulos da Mercosul e do Brasileiro, e o Pernambucano, que muniam Romário e Euller para aí sim, o Vasco chegar a vitória.

O jogo começou truncado, todos sabiam que o trabalho do técnico Oswaldo de Oliveira poderia chegar ao fim se por acaso o Vasco não se classificasse. O Vasco tinha perdido o jogo de ida, dentro do Mineirão por 2 a 0 e estava engasgado com o time do Atlético até o pescoço. Quando o time da Colina entrou em campo, pensei com os meus botões: Será que vamos ser eliminados hoje? Começamos jogando mal, o time parecia extremamente nervoso, mas com o tempo foi se acalmando e a torcida do gigante da Colina percebeu que mais cedo ou mais tarde o Vasco iria fazer o seu papel. Desta forma só nos restaria rezar para dar tudo certo nos outros jogos, para aí sim ficarmos aliviados com a classificação para a próxima fase da Competição Continental.

Tudo começou a mudar aos 18 minutos do primeiro tempo, a defesa do Atlético Mineiro que era formada por Marcio e Célio Silva falhou, e deixou o baixinho livre, leve e solto dentro da área, sem marcação alguma. É pedir para levar o gol. Romário não titubeou e sem a menor cerimônia abriu o placar para o time que defende a Cruz de Malta. Mas esse time sofria um sério problema na zaga. Nossa zaga titular era formada pro Junior Baiano e Odvan, mas nesse jogo no meio do primeiro tempo Junior Baiano sentiu uma lesão e foi obrigado a ser substituído. Dessa forma Oswaldo optou por colocar Gedder na zaga do Vasco, o que não pode ser considerado uma boa escolha. Ao mesmo tempo em que o Vasco fazia muitos gols, sofria um caminhão de gols, isso porque graças a sua idade avançada Mauro Galvão não era mais titular e dessa forma quem também caiu de produção foi Odvan que passou a não conseguir render o que vinha rendendo nos anos anteriores, pois ele era um jogador de força, mas com pouca técnica, precisava de um zagueiro com técnica apurada para jogar ao seu lado e obviamente esse zagueiro não era o Junior Baiano que quase mandou o título da Mercosul para o espaço, mas isso é uma outra história.

O Vasco jogou melhor no segundo tempo, o time do Atlético já estava com o primeiro lugar garantido e dessa forma eles estavam preocupados com o resultado, mas não tanto. O Vasco acabou se aproveitando da situação e em um rebote da trave o time de São Januário aumentou a vantagem em um bonito gol do meia Juninho Paulista. O jogo terminou mesmo no 2 a 0 , e para alívio de todos os torcedores do Clube da Colina os resultados de outros jogos acabaram classificando o Vasco para a segunda fase.

Sumula desse jogo:


VASCO2X0ATLÉTICO-MG
Data: 17.10.2000 (Terça) às 21h40min.
Competição: Copa Mercosul (1ª Fase - 2º Turno - 3ª Rodada).
Estádio: São Januário, no Rio de Janeiro (RJ).
Árbitro: Carlos Eugênio Simon (RS), auxiliado por José Carlos Silva Oliveira (RS) e Arnaldo de Menezes Pinto Filho (BA).
Público: 2.714 espectadores. Renda: Não divulgada.

VASCO: Hélton, Clébson, Odvan, Júnior Baiano (Geder, intervalo) e Jorginho; Henrique, Paulo Miranda, Juninho (Pedrinho 29' do 2º) e Juninho Paulista; Euller (Viola 12' do 1º) e Romário. Técnico: Oswaldo de Oliveira.

ATLÉTICO-MG: Velloso, Bruno, Márcio, Célio Silva e Mancini; Valdir Paulista, Gallo, Caíco (Lincoln, intervalo) e Cacá; Marques (Valdir, intervalo) e Guilherme. Técnico: Carlos Alberto Parreira.

Gols: Romário (falha da defesa) 18' do 1º - Vasco 1 a 0.
Juninho Paulista (rebote da trave) 27' do 2º - Vasco 2 a 0.

E assim começou a arrancada do Vasco rumo ao titulo da Mercosul. Esse jogo serviu para mostrar que o time da Cruz de Malta nunca pode ser dado como morto pelos outros, pois é no momento que todos pensam que o time da Colina não irá fazer nada é que ele demonstra o seu poder de reação como aconteceu na Mercosul desse ano. Pode parecer somente coincidência, mas acredito que seja o destino. Sempre que o Vasco começa mal uma grande competição de nome com uma série de derrotas acontece algo de extraordinário e modifica completamente a situação. Isso pode ser visto nos dois títulos que podem ser considerados os mais importantes da história recente do Vasco, que foram a Liberdatores de 1998 e a Copa Mercosul de 2000. Em ambas as competições começamos muito mal e nas duas vezes nos classificamos apenas na última rodada.

Que todas essas situações que já ocorreram com os times do passado sirvam de exemplo para esse time que estará em campo hoje. É no pior momento, quando todos acreditam que nada pode acontece no jogo, que tudo supostamente já estaria decidido que o Vasco mostra sua força e sua grandeza.

Até o próximo Domingo.

Elisa de Vicq de Souza Dantas

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