14 agosto 2011

Um jogo que nos deu o Tri- Campeonato Brasileiro


Vasco e Palmeiras é um clássico de muitas histórias, títulos, viradas sensacionais e inacreditáveis. Com toda certeza cada uma das duas torcidas tem um jogo predileto. Os torcedores do Vasco nunca irão se esquecer da virada histórica contra o Palmeiras dentro do Palestra Itália, mas bem no fundo sabem que um outro duelo entre essas equipes foi igualmente importante, o 2ª jogo da final do Brasileiro de 1997 , disputada no Maracanã no dia 21 de Dezembro de 1997.

O primeiro tinha sido 0 a 0. O Vasco contava com um jogador que não deveria estar em campo, no caso Edmundo que havia sido expulso. Ele havia sido julgado durante a semana e para o alivio de todos, lá estava ele com a camisa cruzmaltina em campo, ufa!

A partida começou muito truncada e com muitas faltas, a primeira sendo de Cleber do Palmeiras sobre Evair do Vasco. O primeiro chute que levou perigo foi de Evair do Vasco, mas Veloso mandou para escanteio, talvez por desatenção, houve uma enorme falha da zaga do time paulista.

As melhores jogadas saíam pelo lado cruzmaltino. O volante Luizinho roubou a bola de Zinho no campo de defesa e saiu correndo com a bola, tocou para Juninho que foi para o ataque. Dois ou três palmeirenses foram para cima dele e nada de conseguirem pegar a bola. Ele cruzou a bola perigosamente e a torcida ficou eufórica. O Palmeiras começou a levar perigo com Rogério que sabia chutar bem de fora da área. Até aquele momento, o Vasco jogava bem, mas com todo o cuidado, pois estava com o regulamento “debaixo do braço”, dois empates dariam o título para o Vasco.

Em mais um lance de perigo alviverde, Zinho tocou a bola antes do meio de campo, recebeu de volta, saiu correndo, foi para a linha de fundo, mas não conseguiu cruzar, pois a bola saiu. Pouco depois o meia do Palmeiras armou mais um ataque perigoso. Ele viu Carlos Germano um pouco adiantado, chutou por cobertura, mas não deu, foi muito alto e por cima do gol. Depois de algum tempo, o Vasco voltou a atacar. Felipe tocou para Evair que ao ver Juninho em ótima condição tocou para o meia do Vasco que, por sua vez deu um passe magistral para Edmundo, que de primeira não pegou, mas chutou no rebote para a defesa do zagueiro palmeirense.

No ataque seguinte, o Palmeiras levou seu primeiro perigo com Junior e, um tempo depois, com Alex, chutando com a sua perna boa.

O Vasco podia estar sendo pressionado pelo Palmeiras, mas quem era o time carioca que era mais objetivo e sempre levava perigo nos chutes a gol.

Em uma jogada de ataque costurada e bem bolada, Edmundo prendeu a bola na lateral e foi voltando, voltando, até encontrar Juninho, entregando-lhe a bola. Assim que pegou a bola, Juninho Pernambucano tocou para Edmundo, novamente, que prendeu a bola e viu Evair livre na lateral, que cruzou a bola na medida para Ramon, mas o jogador palmeirense chegou primeiro.

Pouco depois, Edmundo pegou a bola no meio e deu uma de lateral, isso marcado por Rogério, e com Galeano na cobertura. Era difícil para o “animal”, mas ele cruzou mesmo assim e Ramon, sozinho na área, sem marcação alguma, fez uma boa cabeçada, mas o goleiro do Palmeiras pegou. Certo tempo depois, Edmundo bateu uma falta perigosa no travessão de Veloso. Isso tudo somente no primeiro tempo. Confiava muito no time da São Januário mas sabia que o time do Palmeiras era extremamente forte.

Logo na saída de bola, o meia Zinho pegou a bola, correu, passou entre dois jogadores do Vasco e cruzou a bola, para trás. Alex chutou, obrigando Carlos Germano a uma grande defesa.

O Palmeiras começou melhor o segundo tempo pressionando de todas as formas. Galeano chutou de fora da área, obrigando o goleiro zagueiro cruzmaltino a uma grande defesa, sendo o décimo chute a gol do Palmeiras contra sete do Vasco.

Durante o segundo tempo, em uma disputada de bola com o jogador do Palmeiras Pimentel, Ramon caiu dentro da área. Ele, a torcida, o treinador e os reservas pediram pênalti, mas o juiz não deu importância. Todos no estádio, incluindo Arnaldo César Coelho, viram que o jogador Pimentel do Palmeiras estava segurando Ramon pela cintura.

Em uma saída de bola errada do zagueiro Cleber, este ficou “brincando” com a redonda e ela acabou sobrando para Edmundo. Galeano saiu desesperadamente na tentativa de evitar o chute do iluminado “animal”, mas não conseguiu. A bola foi como uma flecha para o gol, mas Cleber e Roque Júnior estavam lá para tentar impedir a abertura do placar, tirando a bola em cima da linha e quem tirou foi o zagueiro Cleber, o mesmo que errou na saída de bola. Ele tirou de perto do gol , a redonda resvalou em Roque Junior e por pouco não entrou.

Em um cruzamento de Felipe, Edmundo na área driblou os dois zagueiros do Palmeiras, Cleber e Roque Junior , mas acabou perdendo a bola para o goleiro Veloso. O juiz interpretou como falta de ataque e nesse momento imaginem a reação do “Animal”? Quase arma uma confusão. Mas no ataque seguinte aconteceu o contrário. Euller, o atacante palmeirense, acertou o goleiro vascaíno Carlos Germano. O atacante do Palmeiras, Viola, rolou para o meia Alex chutar de longe, de fora da área, e Carlos Germano espalmou magistralmente. Era a 14ª partida de Germano sem perder.

Nesse momento do jogo, o Palmeiras só sabia fazer uma coisa – atacar – e com isso o Vasco sempre contra-atacava com muito perigo. Afinal o Palmeiras precisava fazer pelo menos um gol, já o time da colina tinha que tomar muito cuidado e tentar segurar o resultado.

Nesse segundo tempo, Viola se chocou com Nasa e tomou uma pancada na cabeça saindo desacordado de campo tendo sido levado às pressas para o Hospital mais próximo. Todos ficaram preocupados com seu estado.

Mas o Palmeiras ainda ameaçava e muito com um jovem de 18 anos chamado Cris que tinha entrado no lugar de Viola. Já estávamos com 40 minutos do segundo tempo.

Carlos Germano defendeu no fim, uma cabeçada do Oséas, decretando assim o título, pois o juiz acabou o jogo, segundos depois. Era a defesa do título.

Mesmo antes do fim do jogo, Maracanã lotado, a torcida já gritava “tri-campeão”, com um grito que começou ali, se espalhou pelo Brasil e pelo mundo inteiro!!! A torcida vascaína foi à loucura, muitos invadiram o campo. Um título conquistado de ponta a ponta com um futebol bonito, que juntou muitos gols feitos, poucos sofridos e só cinco derrotas, detalhe todas durante a fase de classificação.

VASCO 0x0 PALMEIRAS

Local: Maracanã (Rio de Janeiro-RJ);

Público: 89.200; Árbitro: Sidrack Marinho dos Santos (SE);

Cartões Amarelos: Carlos Germano, Edmundo e Zinho.

VASCO: Carlos Germano, Válber, Odvan, Mauro Galvão e

Felipe; Luisinho, Nasa, Juninho (Pedrinho) e Ramón;

Edmundo e Evair (Nélson). Técnico: Antônio Lopes.

PALMEIRAS: Velloso, Pimentel, Roque Júnior, Cléber e Júnior;

Galeano (Marquinhos), Rogério, Alex (Oséas) e Zinho;

Euller e Viola (Chris). Técnico: Luiz Felipe Scolar

Todos estavam felizes com o titulo e a vaga para a Copa Libertadores de 1998, mas certamente o Vasco teria um grande problema no ataque. Edmundo estava de malas prontas para a Itália e dessa forma teríamos que arranjar um substituto à altura . Além disso, quem também estava de saída era Evair. O Vasco teria 2 meses para montar uma boa dupla de ataque.

Com o time de 97, conseguiu-se juntar a experiência de grandes jogadores, como Carlos Germano, Mauro Galvão, Ramon e Edmundo com a juventude de duas jóias que estavam dando cada vez mais certo no time profissional, o na época lateral esquerdo Felipe e o meia Pedrinho. Todos estes jogadores foram importantes para a conquista do tri-campeonato brasileiro, mas certo atacante merece um destaque especial, afinal sem ele certamente o Vasco ficaria a ver navios no Brasileiro de 1997.

Penso que esse time atual do Vasco pode ser considerado muito parecido com o time de 97. Afinal ambos de alguma forma conseguiram juntar em um mesmo time, juventude e experiência. Será que teremos o mesmo caminho? Isso só descobriremos no fim do ano.

Até o próximo Domingo. Elisa de Vicq de Souza Dantas


Nenhum comentário:

Postar um comentário