12 março 2009

LÉDIO CARMONA, O JORNALISTA VASCAÍNO

http://pitacosdobodaum.zip.net/images/untitled.JPG

Por: André Rocha

Pai do Pequeno Bob, o niteroiense Lédio Carmona é jornalista há 23 anos. Esteve nas últimas cinco Copas do Mundo. Trabalhou em grandes jornais, como Jornal do Brasil, O Globo e Diário Lance, foi repórter, editor e colaborador da Revista Placar e chefe de reportagem da TV Globo. Atualmente é comentarista do SporTV e blogueiro do GloboEsporte.com. O atual blog é o segundo de sua trajetória na grande rede, iniciada com o Jogo Aberto, espaço que comandou entre 2005 e Fevereiro de 2009.

Essa é a descrição que consta no perfil de seu novo blog, que promete ser mais autoral e menos factual.


ENTREVISTA COM LÉDIO CARMONA


http://colunas.globoesporte.com/files/146/2008/04/ledio.jpg

Carreira

Eu entrei na faculdade pensando em ser radialista. Mas na neurose de arrumar estágio, eu fui parar no Jornal do Brasil em 1986. Quando eu cheguei, a equipe já estava toda no México para a Copa. Eu não ganhava nada e comecei separando telex. Eles gostaram de mim e em três meses já cobria o América. E eu dei sorte de ser um período de muita visibilidade do clube, que chegou às semifinais do Brasileiro daquele ano. Eu comecei a assinar matéria, meu pai curtia e eu fui em frente. (...)O comentaristaEra Março de 2006 e eu, ainda no início, tinha comentado um jogo do Campeonato Francês e me prenderam lá para fazer no “tubo” o jogo do São Paulo pela Libertadores. O Roberto Assaf tinha pedido demissão do canal de uma hora para outra e não tinha ninguém para comentar. Me pediram para ficar e, de início, eu me recusei. Mas acabei fazendo com o Eduardo Moreno, que hoje é um grande amigo, e foi tudo bem. (...)

A imagem “http://colunas.sportv.com.br/files/192/2009/03/ledio-carmona1.jpg” contém erros e não pode ser exibida.

Blog

Eu estava em uma feijoada e uma amiga da minha mulher me perguntou se eu não queria ter um blog no Globo On Line. Na época eu não tinha prestado atenção em blogs. E aí eu comecei a fazer, mesmo sem remuneração. Era um investimento e um prazer. Só que eu sou meio obsessivo e compulsivo com as minhas coisas. Lá não tinha tantos acessos quanto hoje e eu respondia a todos os comentários, criando uma interação muito grande com o leitor. Com isso ele passou a ser um dos mais acessados pela grande interatividade e também porque eu postava sobre tudo. Nesse período eu comecei a comentar no SporTV recebendo cachê. Até que em 2006 o Globo.com me contratou. E eu continuei com o mesmo pique. (...)

Jornalismo Esportivo

Eu sou muito crítico. Acho que ele não cresceu e às vezes eu me envergonho com o que é veiculado. Novas mídias surgiram, mas a impressão que eu tenho é que o jornalismo esportivo não evoluiu. O jornal que eu fazia em 1991 é o mesmo que eu leio hoje. Eu não me conformo com o fato dos jornais cobrirem clube. Você pode até ir lá, mas tem que levar uma pauta. Não existe mais essa de ver o treino. (...)

Os Jornalistas

Cada um tem seu estilo e eu respeito todos. Eu não gosto de dizer “concorrente”. Não sei se isso é bom, mas não me sinto competindo. Eu não vejo, por exemplo, a ESPN como minha adversária. É uma outra TV na qual tenho muitos amigos trabalhando. Eu gosto do canal e troco e-mails com alguns deles sem problemas. Na Record eu só conheço o meu amigo Maurício Torres. É lógico que não vou chegar em uma cobertura e ficar passando informação, mas não vou tratá-los como inimigos, nem ficar cochichando perto para eles não ouvirem. Eu não tenho o menor constrangimento de repercutir, por exemplo, um “furo” do PVC. Quando ele ganhou um prêmio eu mandei um e-mail. A imprensa não cresce com essa rivalidade. Os jornalistas espanhóis são amigos em sua maioria. Até demais. Essa coisa de “pool” de informação eu acho um pouco exagerado. Mas é melhor do que essa besteira que existe por aqui. Eu gosto do que faço e não me sinto competindo com alguém.

Independência

Se eu tiver que dizer que o melhor jogo do domingo foi um que o SporTV não transmitiu, farei com toda a tranqüilidade. Você não vai me ver comentando sobre a Copa de 2014 por um viés político. É até uma falha minha, mas eu não gosto. Nunca ninguém me disse o que tinha que falar ou escrever. Nem quando eu era chefe de reportagem eu recebi ordem para tratar ou evitar determinado assunto. Se isso existe, acontece lá em cima.

Bairrismo/Clubismo

Se você não vê jogo da Fiorentina, não pode comentar sobre o Felipe Melo da época do Flamengo, há oito anos atrás. Ele agora é outro cara, tem outra cabeça, está mais maduro. A imprensa, em geral, acha que só existe futebol no Brasil. A imprensa é extremamente bairrista. O bairrismo é nojento demais, uma das maiores chagas do jornalismo. Eu tenho horror a expressões como “imprensa do eixo”, “eixo do mal”, etc. O clubismo você até entende, pois envolve paixão. E os mais bairristas são os cariocas, tanto imprensa quanto o próprio torcedor. Se passa um jogo de Libertadores sem um time daqui o carioca não assiste. E o que eu tento fazer é abrir um pouco o leque colocando Gre-nal, Campeonato Mineiro, Sport...A imprensa brasileira é muito viciada e a do Rio é a mais viciada. O que eu tento fazer é um serviço jornalístico.

Times

Como torcedor, um que ficou na minha mente foi o Vasco campeão estadual em 1977. Foi o primeiro grande time do Vasco que eu vi. Era Mazarópi; Orlando, Abel, Geraldo e Marco Antônio; Zé Mario, Zanata e Dirceu; Wilsinho, Roberto e Paulinho. O técnico era o Orlando Fantoni. Inclusive é o tema da minha apresentação do livro com o Gustavo Poli (“Almanaque do Futebol”, Editora Casa da Palavra). É um agradecimento a esse time. Do Vasco também teve o de 1987, campeão da Taça Guanabara, com Acácio; Paulo Roberto, Donato, Fernando e Mazinho; Dunga, Geovani e Tita; Mauricinho, Roberto Dinamite e Romário. Foi um time que jogou pouco tempo junto, mas era um timaço.

Mas os melhores times que vi jogar foram o Flamengo do Zico nos anos 80 e o São Paulo do Telê nos 90. E tiveram outros marcantes, como a Juventus do Platini e do Boniek, o Milan do Gullit e Van Basten, o Palmeiras do Vanderlei de 93, 94 e 96. Eu gosto do futebol competitivo. Por isso admiro muito esse Manchester United de hoje. E gostava muito do Grêmio do Felipão. O Inter dos anos 70 eu não tenho base para colocar na lista, vi muito pouco. O Barcelona do Romário, Laudrup, Stoichkov não me marcou muito, assim como o do Ronaldinho e do Deco. Foram grandes times, mas não achava tão competitivos assim.

Eu tenho times no mundo todo. Hoje meu segundo time é a Juventus. Eu sofro pela Juve, assim como sofro com o Lyon e o Atlético de Madrid. Aprendi a gostar do time francês por causa do Juninho Pernambucano. Eu sou Hamburgo na Alemanha, Porto em Portugal.


O ídolo Roberto Dinamite

Em 1986, eu cobria o América, mas o Tadeu Aguiar, que hoje é o editor-adjunto de “O Globo”, foi fazer uma matéria especial dos quinze anos do primeiro gol do Roberto no Vasco. E eu fui lá para ajudar. E, para o meu espanto, o Roberto não sabia nada sobre a própria carreira. Ele não lembrava e eu é que respondia. Na hora eu fiquei chateado. “Pô, o cara é meu ídolo!” O meu filho se chama Roberto por causa dele. Mas era uma proximidade. Ali na sala de imprensa do Vasco a gente ficou uma hora e meia com o Dinamite.

Eu já fiz mais fé no Dinamite dirigente. Hoje eu acredito mais na comissão técnica que ele contratou. Ainda não estive com ele depois que ele se tornou presidente do Vasco. Mas, convenhamos, a contratação do Tita como treinador foi uma tremenda bola fora!

Vida Pessoal

Fica bastante prejudicada pela falta de tempo, por causa da TV. Eu gosto muito de cinema e assistir às séries. E BBB, que é o meu lado popular (risos). A vantagem dessa correria é que eu fico muito em casa. Vou lá na SporTV, faço o que tenho que fazer e volto. Nas férias normalmente eu tiro dez dias e depois vinte. De 2004 a 07 eu não tive férias porque eu era freelancer, então tirava só dez dias, viajava e voltava. Em Junho de 2008, na época da final da Libertadores, eu tirei dez dias, mas não me desliguei completamente. Viajei com laptop, assisti à final. Não valeu muito. Agora, depois da final do Argentino, eu viajei para Petrópolis e Búzios e fiquei mais alheio. Eu levei o laptop, mas quase não usei. Mas às vezes entrava no blog para ver como estavam as coisas. Mas o ideal é ficar fora, até pela minha família. Por isso a melhor época é a do recesso do futebol, no final de Dezembro, início de Janeiro. (...)

Entrevista realizada pelo Blog Futebol, Musica e etc e pelo Blog Futebol e Arte

Saudações Vascaínas

Jessica Corais

Nenhum comentário:

Postar um comentário